Novo Banco: uma fatura que chegará em breve



A deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, num debate no Parlamento, na semana passada, disse que em relação ao Novo Banco «todos os dados disponíveis apontam para que a nacionalização seja a opção menos penalizadora para o erário público». 

Pois bem, a saga da salvação da banca nacional desde os tempos do BPN até hoje continua a ser vista, aos olhos da esquerda radical, como natural. O discurso é incongruente, já que, são estes os mesmos homens e as mulheres que, nos tempos da Troika, atacavam quem ousasse nacionalizar e, com isso, entregar a fatura a todos os contribuintes.

O que está a acontecer com a venda do Novo Banco não é surpresa para ninguém. Ao longo do tempo fomos todos percebendo que a separação entre o Banco Bom e o Banco Mau era apenas fictícia.

Hoje não temos dúvidas de que o Novo Banco tem muito lixo herdado do antigo BES.

Mariana Mortágua vai ainda mais longe na defesa dos portugueses e diz que «uma vez pago, o Estado controla o seu banco e pode geri-lo ao longo do tempo». Uma vez pago, que é como quem diz, pago dos nossos bolsos, através dos nossos impostos.

É triste, muito triste quando um país, pobre como o nosso, se revela incapaz de gerir um problema desta natureza. O poder político, todo ele, de Passos Coelho a António Costa, tem muita culpa no cartório, e o Banco de Portugal ajudou a esta festa que agora mais parece um funeral.

As propostas apresentadas colocam aquele que foi um dos maiores bancos nacionais a preço de saldo. Ninguém quer pagar balúrdios e quem pretende adquirir a instituição quer depois vendê-lo às camadas.

Pelo meio há milhares de trabalhadores que temem pelo seu posto de trabalho. E pelo meio também há crimes ainda sem culpados, crimes de administradores que lesaram a banca e a economia ao longo de décadas.


Seja qual for o desfecho – e tudo se encaminha para a nacionalização – sabemos que a fatura chegará, como chegaram as do BPN, as do BPP e do Banif. 

*Crónica de 16 de janeiro de 2017, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.

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